31 de mar. de 2010

Terremoto

Pediu pra que eu ficasse. Aceitei mais por não saber dizer não que por qualquer outro motivo. Falamos sobre astrologia, sexo tântrico, dança do ventre, amores passados. Interrompi o monólogo e levantei, anunciando outra vez minha partida. Fez cara de triste e foi ao quarto apanhar um casaco para me acompanhar até o portão.

Minuto depois, vi você voltar completamente nua à sala, empurrar-me de volta à poltrona, amassar com as suas coxas as minhas e dizer coisas sobre paixão.

Paixão – pensei eu – um dia acaba; um dia não muito distante, supus. E o que resta depois? Com quais palavras nos despediremos quando não houver mais “fica”?, quando a história dessa noite fria entrar para o hall dos amores passados?

Pensei, mas não disse. Permiti e me deixei levar. Ano mais tarde levantei da mesma poltrona e anunciei que partiria para não mais voltar. Você foi ao quarto e voltou de casaco (aquele verde que eu detestava). Acompanhou-me até o portão. Não dissemos palavra e não mais voltamos a nos encontrar. Aquela noite cheguei em casa com um ano de paixão rasa socado em uma sacola da Levi’s.

Nenhum comentário: