26 de ago. de 2011

Na porta do céu

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.

9 de fev. de 2011

J

O ponto fraco, para infelicidade dos simples mortais, não é uma dádiva das personagens míticas e dos super-heróis. Todos nós sujeitamo-nos, na extremidade inicial dos nossos destinos, à imposição de uma fraqueza inexequível que há de nos acompanhar.

3 de ago. de 2010

Joelhos

Por isso odeio auto-ajuda/consideração/piedade. Principalmente as formas comissivas externadas. Ajuda é a maldiçao do populismo, o assistencialismo, a subversão subliminar da luta. A suruba escancarada do sofismo.

Consideraçao declarada é uma forma covarde de arriscar aproximaçao, uma tentativa forçada de reconhecimento. Piedade é sentimento que nem os santos ousaram de fato experimentar. O que vejo hoje é a piedade ferramental, das associações que figem carregar atribuições constitucionalmente Estatais. O maldito Criança Esperança, a hipocrisia imperialista do 'cansei', as idéias calculadas e pseudo-conscientes do novo paquiderme informativo CQC, do felipe neto. Vendedores que vendem os defeitos evidentes dos parcos produtos alheios.

Por isso o contingentem de filhos da puta consumindo auto-ajuda, espiritismo passivo, cristianismo passivo, budismo, o lucrativo e historicamente 'maltratadinho' judaísmo só faz crescer. E esse tipo de pensamento traz culpa, que gera a piedade, que fomenta o Criança Esperança com o dinheiro maldito de quem nao consegue enxergar que a ajuda da globo é cancer. E o pus dessa anomalia escorre como Xuxa, como Datena, Justin, Serra, Dilma e, principalmente, como a classe média estúpida que acha que ir além e entrar na FUVEST!

26 de jul. de 2010

Maria

Era o único impulso imprevisível naquele amontoado de protocolos de conduta. Sabia o que devia vestir, como devia falar, horas de chegada e saída, procedimentos a serem realizados, particularidades do sistema, siglas internas e outras coisas. Não sabia como me portar à sua frente. Corava ao te encontrar na copa, nos corredores, elevadores e tentava te evitar a qualquer custo.

Mas, também a qualquer custo, arrumava motivos para correr ao seu setor e me afogar no seu perfume, na tatuagem semi visível do seu tornozelo, as mechas do seu cabelo, o seu decote.

18 de jul. de 2010

Galo

Mas minha vida vive um atropelo e parece que eu sou o único que não pode passar mal. Nem encher a cara e curtir a ressaca em paz. Tenho sempre que me preocupar em manter as mentiras, aprimorar desculpas, fingir que não bebo, que não cheiro e não fumo... E assim, mesmo não fumando nem cheirando, acabo gastando tempo tentando imaginar como alguém que não se imagina avaliado a todo momento agiria: finjo que sou natural.

Ainda acordar disposto para ser cobrado; saber demonstrar falso interesse ao ouvir as dicas de autoajuda empresarial que tanto abomino, engolir todo dia um presente cada vez mais ácido e sem graça. A todo momento alguém invade minha atenção, que está vidrada no texto e na música, para sugerir algo, perguntar se estou bem, o que estou fazendo, se estou com fome. ... mas agora senti um doce bom nos lábios e parece que a tensão dissipou um pouco, é a música fazendo efeito. Caso resolvesse reler o texto antes de postá-lo, coisa que não farei, tudo perderia o sentido.

13 de jul. de 2010

O naja

Não podia dizer que era falta do que dizer, afinal, a vida continuava agitada de maneira morna como sempre fora, mas era uma espécie de afasia. Não faltavam fatos, faltava língua para contá-los. Como se a língua mãe já não contivesse os conceitos corretos, ou como se a língua humana, rosada e inquieta, já estivesse tão gasta, tão rígida que não pudesse mais articular.

Foi assim que, sem maiores razões, largou faculdade trabalho cachorro apartamento CPF dívidas – a pagar e a receber – e refugio-se, a princípio por um ano, na casa de praia de uma parente meio surda (tia avó ou alguém igualmente distante).

Na cadência das ondas foi esquecendo do mundo. Os anos viraram: a proposta, três anos depois do um ano planejado, era investir o dinheiro ganhado nos bares em um quiosque próprio. A pele cada vez mais vermelha, o cabelo maltratado de sal, marcas no rosto de tanto sorrir.

Uma proposta boa apareceu e ele se perdeu no litoral.

9 de jul. de 2010

Oro



Acho que não era minha intenção te tomar ali no mato, feito bicho no primeiro cio. Foi você que me fez entrar naquele verde abafado falando que tinha uma trilha pra um casebre de não-sei-quem. Eu não acreditei mas não pensei duas vezes para correr ao teu encalço. Nunca deixaria de te seguir, ainda que você me implorasse, como implorou um dia. Ainda tento imaginar seus passos e em qual grama você tem se entregado nas tardes ensolaradas de sábado.

Daquela tarde em que você foi minha guardo cada marca de arranhão e mordida e, procurando bem, ainda acho grama enroscada no meu cabelo. Na imagem sua que ainda vive em minha mente (miragem esverdeada) seus joelhos continuam vermelhos e você gargalha, exausta, da minha proposta de fugir naquela música.

"Num fusca duas portas, dois amantes."